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Vigilância

Será que o talento nasce nos genes? É a dúvida com que ficamos ao assistir a Vigilância (Surveillance), o filme de Jennifer Lynch, filha do grande David Lynch.

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À partida, Vigilância parece revelar-se um thriller comum, com um tipo de investigação sobejamente conhecida nos parâmetros do cinema de Hollywood, contudo, o segredo do filme é esse mesmo: fazer parecer aquilo que não é, sem levantar suspeitas. Vigilância relata a história de dois agentes especiais do FBI, Anderson (Julia Ormond) e Hallaway (Bill Pullman), que são enviados para Santa Fé, onde assassínios arrepiantes no deserto estão a colocar a polícia local em tumulto. Durante a investigação, são inquiridas três testemunhas visivelmente abaladas, especialmente Stephanie (Ryan Simpkins), uma criança de oito anos, cuja família está entre as vítimas. No entanto, quando cada testemunha relata a sua versão da história, torna-se evidente que elas são diferentes e que todos sabem mais do que conta.

Jennifer Lynch ficou conhecida do público quando produziu o drama erótico Boxing Helena, no ano de 1993. Desde aí, os seus trabalhos têm sido poucos. Neste novo trabalho, Jennifer contou com a ajuda do seu pai, o já famoso David Lynch, criador de Twin Peaks, Mulholland Drive ou o mais recente Inland Empire, cada um com uma mestria genial.

A grande curiosidade residia em saber como se portaria Julia Ormond (Inland Empire) e Bill Pullman (Lost Highway) no papel de dois investigadores do FBI, num caso com falsos testemunhos, mas sobretudo se Jennifer Lynch havia herdado o talento do pai. Ficamos então felizes por dizer que sim.

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Vigilância é um thriller psicótico, que revela originalidade na forma como conta a história e na forma como as acções de cada personagem se entrecruzam entre si. Podemos elogiar o trabalho da pequena actriz Ryan Simpkins, enquanto a perspicaz menina que tem um final extremamente interessante. Serão os psicopatas pessoas justas? É a pergunta que se impõe em relação ao destino final da personagem da menina Stephanie.

Apesar de o filme, no início parecer monótono, a verdade é que o argumento é revelado com uma mestria digna de Lynch, com uma estrondosa reviravolta e revelação no final do mesmo. Pell James, enquanto a toxicodepente Bobbi Prescott, tem uma interpretação, a meu ver, extremamente excelente, dada a forma como conjuga o seu papel extremamente ambíguo.

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Contudo, num Verão pleno de blockbusters é triste que este filme passe despercebido dos portugueses, ainda mais que a Lusomundo não adquiriu direitos para a sua exibição e tive acabar por vê-los num cinema mais independente, neste caso o Medeia, no Porto.

Um filme que não se devia perder assim…

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