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Closer - Perto Demais

Closer - Perto Demais, tinha tudo para ser mais um filme cliché, um romance típico. No entanto, o seu grande feito é mesmo esse: o da imprevisibilidade.

Dan (Jude Law) é um aspirante a escritor que pretende acabar o seu romance mas ganha a vida a escrever obituários. Alice (Natalie Portman) fugiu da América apenas com a roupa que traz. Anna (Julia Roberts) é uma fotógrafa divorciada. Larry (Clive Owen) é um dermatologista que vem de um desgosto amoroso. Quatro desconhecidos que se vão envolver num jogo de sedução e traição.

Closer é um filme sobre estranhos. Estranhos em todos os sentidos possíveis. O filme chega a roçar o perfeito, não sendo tão prevísivel quanto o género poderia aparentar. Aliás, a única coisa que poderia parecer forçada - o primeiro encontro entre Dan e Alice numa rua movimentada e o seu suposto amor à primeira vista - não o chega a ser.

Closer brilha essencialmente pela forma como a acção nos é mostrada. Apenas é revelado o que é absolutamente essencial, os momentos-chave centram-se nas emoções humanas e nos fabulosos diálogos. O enredo chega até a ser extremamente nu e por vezes cruel, levando a um certo pudor por parte do espectador. A fotografia, mais uma vez focada nas expressões humanas é brilhante e a banda sonora acaba por tirar o fôlego, de tão bem conjugada com a acção.

Destaque para a fabulosa prestação de Natalie Portman, com um papel extremamente difícil ou melhor, com vários papéis dentro da mesma personagem. Alice é camaleónica, uma personagem imprevisível, acabando por ser, por vezes, perturbante. É contudo, possuidora de uma grande dualidade nas emoções: tanto é capaz de demonstrar crueldade nas acções, como demonstrar a maior fraqueza do mundo, quando confrontada com a probabilidade de perder o amor.

Também Clive Owen, no papel de Larry, o dermatologista, é absolutamente genial nos diálogos que partilha com todas as personagens, de uma ironia atroz, revelando toda a sua perversão e ao mesmo tempo a sua possessividade extremista.

Julia Roberts e Jude Law, apesar de não serem tão bons quanto os outros dois, acabam por ter um papel preponderante ao longo da acção.

Closer - Perto Demais atinge o limiar da perfeição na cena da discussão entre a personagem de Julia Roberts e de Clive Owen, em que os diálogos não são suavizados ao politicamente correcto, pelo contrário, (ab)usam do realismo, levando o espectador até ao centro da intimidade de um casal.

Closer não é tampouco um filme de amor, é um filme de dor e mágoa e de como, por vezes, os sentimentos são usados para próprio proveito em detrimento dos outros. Closer é um filme egoísta, que perdura na memória.

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