Ficheiros Secretos: Quero Acreditar
0 Comentário(s) Pisado por Tiago Ramos em domingo, 10 de agosto de 2008 às 19:48.Dez anos depois, o aguardado filme de Ficheiros Secretos perdeu a genialidade da série de Chris Carter e lida mais com o pragmatismo do que com o oculto.
Ficheiros Secretos: Quero Acreditar leva-nos leva novamente para a relação complicada entre Fox Mulder (David Duchovny) e Dana Scully (Gillian Anderson), mas conduz-nos a direcções inesperadas. Mulder continua a sua inabalável missão pela procura da verdade e Scully, a cientista feroz e arrebatadoramente inteligente, mantém-se inexplicavelmente presa às procuras de Mulder.
A cena inicial do filme, torna-se visualmente interessante, devido à presença de dezenas de agentes do FBI num enorme campo gelado e a uma personagem estranha (crucial para o desenvolvimento do argumento): o Padre Joseph Crissman (Billy Connolly), com um passado obscuro, mas que afirma ter visões concedidas por Deus. O filme cai no erro de se debruçar sobre temas que fogem um pouco à série, para desilusão dos fãs. Apesar de ser interessante o drama entre Fox Mulder e Dana Scully, que responde a algumas lacunas encontradas ao longo da série (entre os quais a sua relação amorosa e um eventual fruto dessa relação), o filme acaba por fugir ao previsto e torna-se mais num drama/thriller policial.
O enredo torna-se menos envolvente e assustador, pois aparenta ser uma eterna fuga à escuridão e obsessão em que Dana e Fox sempre viveram. Em vez de se focar na eterna dúvida da existência ou não de acontecimentos paranormais, o argumento foi escrito de forma a roçar o pragmatismo científico e a lógica policial.
Das poucas cenas realmente interessantes (mas que são poucas para a fasquia a que Ficheiros Secretos nos habituais) encontra-se a descoberta de uma série de experiências bizarras realizadas por russos, que lidam com células estaminais e órgãos humanos. Nessa fase, Dana Scully, enquanto cientista e médica reconhecida, tem um papel essencial, mas ao mesmo tempo lida com a dúvida em relação à eventual capacidade do padre em ter visões, da parte de Deus. É aí que o filme acarreta um dilema moral, com nuances éticas e religiosas: pode um padre acusado de pedofilia ser um servo de Deus?
A personagem do padre Joseph, interpretada por Billy Connolly (Último Samurai e Garfield 2) é das mais intrigantes e controversas do filme. Uma interpretação, a meu ver, excelente. Outra interpretação boa, mas que não revelou todo o seu potencial foi a de Amanda Peet (Jack & Jill), que apesar do seu aspecto visual não soube lidar com a pressão de interpretar uma agente do FBI.
Ficheiros Secretos: Quero Acreditar, não deixa de ser um bom filme, mas seria melhor se não aparentasse tanto ser um filme independente. Talvez se o mesmo não tivesse a chancela FIcheiros Secretos, todos nós o consideraríamos um filme bom, contudo e desta forma, acabou por desiludir-nos um pouco a todos.
Sim, quero acreditar que Chris Carter consegue fazer melhor.
Etiquetas: Crítica Cinematográfica
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