Uma sequela de um franchise que se estende para além do devido. No entanto, acaba por se tornar mais consistente que as anteriores.
Saw V tem tanto de bom, como de mau e pessoalmente, deixa-me dividido. A saga Saw tem sido uma forma garantida de ganhos anuais para os estúdios LionsGate. Se o primeiro Saw - Enigma Mortal gerou uma legião de fãs, na qual me incluía, verdade que a saga tornou-se um franchise que acaba por ser "esticado" mais do que devia. É verdade que não podemos esperar que uma sequela seja melhor que o original, porque isso quase nunca acontece e muito menos nos casos em que o primeiro é praticamente perfeito.
Saw nunca foi perfeito, nem lá perto. Mas sabia fazer uso do macabro e do doentio, como muito poucos, com armadilhas engenhosamente elaboradas e com twists finais vigorosamente concebidos. Todos os outros acabaram por ser quase imitações reles do verdeiro. Quando até Darren Lynn Bousman se aborrece do projecto, podemos pensar de que forma se consegue estender o projecto, ainda mais com a morte de Jigsaw desde Saw 3 - O Legado.
Apesar de Saw V - A Sucessão acabar por se tornar monótono, acaba por seguir um caminho menos gore que os anteriores, com menos armadilhas ousadas e consequentemente menos sangue. David Hackl, anterior produtor designer, acaba por tomar as rédeas ao quinto filme da saga e desenvolve um argumento mais consistente que os anteriores. Por consistente não podemos entender que seja um capítulo com mais qualidade que os anteriores, mas pelo menos não se faz valer de tanto sangue e gore para conseguir vender o filme, tornando-o, no mínimo, mais credível.
Em dadas alturas, o filme mais parece um tradicional policial, uma eterna investigação criminal, com vários envolvidos, entre os inspectores, os culpados, as vítimas e os equívocos. A realização está mais sóbria, mas ao mesmo tempo não tem o mesmo gosto da anterior glória de Saw.
Quanto a interpretações, a ausência de Tobin Bell ou a sua presença em apenas alguns flashbacks da história acabam por deixar as expectativas um pouco aquém do esperado. Se Tobin Bell era a estrela do filme em termos de elenco, os actuais actores deixam bastante a desejar a níveis interpretativas. Aquele que, a meu ver, apresenta mais erros crassos de interpretação e credibilidade é Costas Mandylor. O actor não é um discípulo à altura de Jigsaw ou até da anterior seguidora Amanda (Shawnee Smith).
Se Saw IV - A Revelação apresentava algo que poderia renovar a saga, Saw V deitou por terra essas expectativas e revelou-se não uma sequela, mas uma segunda parte da anterior. Saw V - A Sucessão é mais uma tentativa de prolongar um franchise que garante espectadores e consequentemente receita, sem atentar na qualidade do mesmo.
Etiquetas: Crítica Cinematográfica
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