Sadismo com uma estrutura débil.
À partida quando vemos Hostel como fruto de um "apadrinhamento" de Quentin Tarantino, imediatamente nos surgem na mente nomes como Pulp Fiction e Kill Bill, mas não ficamos iludidos durante muito tempo. Hostel, que se apresenta como um filme de terror, raras vezes é merecedor de tal categoria.
Hostel tem uma componente gore bastante activa, à semelhança das sequelas mais recentes de Saw, mas apresenta uma diferença crassa: o argumento. O filme de Eli Roth (Grindhouse) não cai no exagero gore de Saw, é verdade e consegue, mesmo assim, apresentar algumas cenas mais ou menos chocantes. Mas a verdade é que os primeiros longos minutos do filme são extremamente aborrecidos e incoerentes com o resto da narrativa: a dada altura não sabemos bem se estamos a ver uma comédia para adolescentes, algo semelhante com American Pie.
O realizador não consegue conciliar o argumento de forma coerente, criando cenas díspares e que, em nada, têm a ver umas com as outras. O uso abusivo de cenas com componentes sexuais (e não, não estou a ceder a moralismos) acaba por proporcionar o tal sentimento de comédia adolescente, quebrando assim o propósito inicial do filme.
A narrativa de Hostel é extremamente lenta e arrastada, podendo provocar ocasiões de bocejo entre os espectadores, facto para o qual as interpretações dos actores também contribuem. À excepção de Jay Hernandez, que não conseguiu um óptimo desempenho, mas no mínimo esforçou-se, todos os outros estão aquém das expectativas pretendidas.
Hostel não consegue ter uma narrativa sólida e a inexperiência de Eli Roth nota-se a léguas. A estrutura do filme é débil e ou não fosse as cenas finais do argumento, todo o propósito do mesmo acabaria por se diluir. Em Hostel faz falta algo mais complexo ou um sentido mais profundo do mesmo, que só no final é que o realizador consegue captar. Infelizmente.
Destaque para os ambientes cénicos que devido à sua ruralidade se tornam macabros e contribuem para transmitir alguma insegurança e tensão aos espectadores. Pena que essas sejam, por vezes, quebrados com algumas cenas patéticas, que prejudicam todo o desempenho do argumento.
Etiquetas: Crítica Cinematográfica
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