O Estranho Caso de Benjamin Button
5 Comentário(s) Pisado por Tiago Ramos em terça-feira, 13 de janeiro de 2009 às 17:36.

"Nasci sob circunstâncias pouco usuais". Este é o mote para a história de Benjamin Button, um homem que nasce com cerca de 80 anos e, à medida que os anos vão passando, começa a rejuvenescer. O Estranho Caso de Benjamin Button é tão pormenorizado, que tenho medo de não conseguir comentá-lo à altura.
O filme brilha desde logo pelos ambientes cénicos e pela caracterização. Se à partida parecia demasiado fantasioso imaginar algo semelhante, a verdade é que somos levados a acreditar que rejuvenescer, em vez de envelhecer, é verosímil. O processo de caracterização do actor Brad Pitt é pormenorizado e completo, salvo alguns erros menores. A história é contada a partir de Nova Orleães, no fim da I Guerra Mundial em 1918, passando pela II Guerra Mundial, Guerra Fria, até ao século XXI. David Fincher consegue realizar essa tarefa que, à partida, nos parecia megalómana, sendo fiel aos factos históricos, incluindo cenários, trajes, comportamentos...
O trabalho do realizador é intemporal, arriscando tornar-se um grande clássico da história do cinema. A construção do filme e do argumento de Eric Roth e Robin Swicord é feita de forma a que o mesmo se assemelhe a uma biografia, narrada pelo próprio, desde o nascimento até à morte. O interessante é que apesar de ser o filme mais completo que vi até ao momento e apesar das fascinantes personagens, histórias e acontecimentos paralelos, tudo se complementa e destaca o personagem principal.
O Estranho Caso de Benjamin Button é o mais bonito romance que já alguma vez vi. Eu confesso que bem tentei encontrar erros crassos, algo que deitasse por terra todo o destaque dado ao filme, mas não consegui. Está lá tudo e muito bem feito. Desde os cenários e caracterização (já mencionados), bem como a banda sonora, as interpretações, direcção artística e fotografia.
Ao plano das interpretações secundárias, surge o brilhantismo de Taraji P. Henson. Queenie é a mãe adoptiva de Benjamin Button, se assim lhe quisermos chamar e que tem uma grande importância no argumento, à qual Taraji conseguiu imprimir todas as qualidades desejáveis. Por outro lado, a surpresa cai também em Tilda Swinton, vencedora do Óscar de Melhor Actriz Secundária em 2007, por Michael Clayton. O papel desempenhado pela actriz é portentoso, de uma mulher surpreendentemente interessante e que suportaria, por si, um único argumento a si dedicado. Uma nota também para Julia Ormond, cuja presença por si só já é de elogiar.
O único ponto que em princípio poderíamos negativizar seria a duração do filme, afinal são quase três horas de acontecimentos, histórias e épocas, que quase nos impedem de respirar, com medo de perdermos algum pormenor importante. Contudo, nem isso se torna negativo. Compreende-se logo que a duração assim o é porque não havia outra forma de o fazer sem diminuir a qualidade do argumento.
Não percam sobretudo as sequências finais, que são de extrema emoção, capazes de levar o espectador mais insensível às lágrimas.
Etiquetas: Crítica Cinematográfica
este é daqueles filmes que ficam! Os Óscares...bah...basta recordar que "Os Condenados de Shawshank" teve 7 nomeações e foi para casa de mãos a abanar! Independentemente dos prémios que ganhar ou não, este filme é uma viagem inesquecível
É normal a comparação com FORREST GUMP, Eric Roth foi também o seu argumentista.
Se os Óscares não consagrarem esta obra, consagra-la-á o tempo, se merecer. Por isso não há razão para angústias =D
Roberto F. A. Simões
cineroad.blogspot.com
"É um Filme, com maiúscula, completo e em pleno. De realçar, os diálogos majestosos e profundos, a subtileza das interpretações, a ironia e comédia subjacente em algumas cenas e que fazem lembrar, por momentos, Forrest Gump. (...) afinal são quase três horas de acontecimentos, histórias e épocas, que quase nos impedem de respirar, com medo de perdermos algum pormenor importante."
Gostei tanto, tanto do filme que nem sei bem como o descrever. Já há muito tempo que não saía do cinema com aquela sensação de "Uau, este vai mesmo para o topo da lista". A tua crítica está à altura - já tens um dom para isto! :P Já pensaste em fazer disto profissão?
Beijinho
Maria: Eu adorei realmente o filme e torna-se mais fácil falar sobre ele. Para mim vale 5 em 5...
Obrigada. Eu bem gostava, mas hoje em dia é difícil alguém ser crítico de cinema e fazer disso a sua vida.
Beijinho
Vi ontem O Estranho Caso de Benjamin Button.Ainda me encontro sob a influência deste monumento cinematográfico. É as melhores adapatações de obras literárias ao cinema de sempre! «Larger than Life», em tudo, história, argumento adaptado, música, cenários, actores--todos--mas Pitt e Blanchet fazem um par mágico e intemporal como só me lembro de Gable e Leigh em Gone With the Wind...e a sensação ao sair do filme é semelhante: Uau! Pura poesia, pura grandeza, o Maravilhoso Real na tela...dá vontade de agradecer aos deuses! Obrigada!