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Frost/Nixon

Não é o filme do ano e dificilmente o melhor dos candidatos ao Óscar deste ano, mas não podemos descurar Frost/Nixon como o grande filme-confronto da história do cinema. O que à partida poderia afastar muitas pessoas da salas de cinema, devido à temática política que francamente exibe, não deve ser reduzida a essa forma limitada. O filme de Ron Howard (A Beautiful Mind) é um excelente produto cinematográfico, dotada de boas interpretações e de uma montagem exímia.



O célebre caso de Watergate e do impeachment do Presidente dos Estados Unidos, Richard Nixon fez correr muita tinta na época, mas a polémica ressurgiu anos mais tarde quando um artista do entretenimento televisivo David Frost (na altura quase desconhecido) liderou a mais importante e popular entrevista política da era moderna.

O argumento de Frost/Nixon basea-se numa peça de teatro da autoria de Peter Morgan e tal como foi notoriamente aclamado na altura em que estreou nas salas de teatro, o mesmo se passou perante a versão cinematográfica. Muito desse reconhecimento da crítica advém da realização limpa de Ron Howard, mas também do lado humano que consegue imprimir nas personagens, com especial destaque para algumas das cenas mais marcantes da entrevista.

O trabalho de montagem a cargo de Daniel P. Hanley e Mike Hill é certamente um dos melhores dos oscarizáveis deste ano. O excelente trabalho desta dupla é conhecido desde A Beautiful Mind, Cinderella Man e The Da Vinci Code. Em termos físicos e visuais todo o panorama global resulta e muito bem naquele que se tornou um dos mais interessantes e inquietantes thrillers políticos. Da mesma forma Susan Benjamin está de parabéns por todo o set, especialmente a nível da decoração do local onde as entrevistas foram feitas, estando altamente fiéis ao sítio original.



O filme de Ron Howard segue o conceito de abordar o escândalo, mas não de forma tablóide ou abusiva, à semelhança do que o argumentista Peter Morgan fez com The Queen. Não assistimos a um rol de visões manipuláveis, como poderíamos esperar, mas as cenas em que adopta a técnica da versão documental, é uma forma de fazer o espectador acreditar naquilo que vê.

O filme brilha tanbém pela excelente interpretação de Frank Langella no papel de Richard Nixon, incorporando os maneirismos e a pose dramática do ex-presidente dos Estados Unidos. A sua voz portentosa e a sua atitude austera transmitem uma grande carga dramática a todo o filme. A sua personagem é exímia no controlo político e na manipulação dos seus ideais.

Infelizmente, apesar da importância da personagem de David Frost, Michael Sheen ficou um pouco aquém do que se poderia esperar, sem uma presença relevante, longe do seu desempenho no papel de Tony Blair em The Queen.

A grande maioria do elenco secundário está também muito bem representado por nomes como Sam Rockwell, Matthew Macfadyen, Kevin Bacon, Oliver Platt e Rebecca Hall. Tendo esta última tido um papel pouco relevante na trama e que mereceria ter sido mais aprofundada.



Em Frost/Nixon assistimos a um grande confronto de actores, com especial destaque para o brilhante desempenho de Frank Langella e para a edição do filme. Este é um excelente trabalho de realização que merece o estatuto de grande obra cinematográfica, peca simplesmente por nos parecer que o maior ponto de impacto se resume à célebre expressão "I'm saying that when the President does it, that means it's not illegal!"

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